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Fatores que afetam a biodisponibilidade de nutrientes (Parte 3)

  • Por ONutricional
  • 29 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

Cobalamina e polimorfismos genéticos

Por Alexandre R. Lobo

Vitamina solúvel em água, a cobalamina (vitamina B12), é necessária para o processo de divisão celular, de modo que, em casos de deficiência, afeta sobremaneira tecidos com intensa capacidade regenerativa celular. De estrutura complexa, pode estar ligada a diferentes radicais químicos, dentre os quais destacam-se o metil (metil-cobalamina), principal forma no plasma, e o adenosil (adenosil-cobalamina), forma de armazenamento, encontrada no fígado. Do ponto de vista metabólico, ambas as formas participam como coenzimas, ou (1) na conversão intramitocondrial da metilmalonil-CoA para succinil-CoA – neste caso, a adenosil-cobalamina – ou (2) na conversão citosólica da homocisteína para metionina catalisada pela metionina sintase (metil-cobalamina).

A RDA varia de 1,8 – para crianças de 9 a 13 anos – a 2,4 mcg/dia – para adultos. A vitamina é encontrada, exclusivamente em alimentos provenientes dos animais, ou seja, na carne, peixe, produtos lácteos e ovos.

De modo geral, após sua liberação da matriz alimentar, se liga a haptocorrina, proteína encontrada ou nas secreções salivares ou gástricas. No estômago, particularmente, a ligação com a haptocorrina previne sua degradação em meio ácido. No duodeno, após liberação da haptocorrina por ação de enzimas pancreáticas, a cobalamina se liga ao fator intrínseco, forma a partir da qual é absorvida pela célula intestinal. Ligada à transcobalamina (holo-transcobalamina), é transportada no sangue para os tecidos periféricos. Via reciclagem entero-hepática, após secreção biliar, pode ser reabsorvida no íleo.

A deficiência da cobalamina pode ocorrer em situações de comprometimento da sua absorção intestinal, redução da produção do fator intrínseco e inadequação no seu consumo. Concentrações reduzidas de holo-transcobalamina, são consideradas como marcador precoce de deficiência tecidual da vitamina. Outros marcadores bioquímicos – como o ácido metil-malônico e alguns metabólitos das vias de remetilação e transulfuração da homocisteína – também podem ser usados para detecção da deficiência funcional da vitamina.

Alterações genéticas podem influenciar os processos de absorção, transporte e metabolização da vitamina e, desta forma, afetar a sua biodisponibilidade. Das alterações mais estudadas, está aquela que interfere na produção da transcobalamina – proteína de transporte sanguíneo da vitamina – , em função dos efeitos biológicos produzidos. Estas alterações no DNA, quando são prevalentes em mais de 1% da população, são chamadas de polimorfismos. Polimorfismos em determinados genes (como no caso do gene que codifica para a transcobalamina), portanto, podem estar associados com alterações na função de proteínas e, como consequência, com modificações na biodisponibilidade de nutrientes. Ou, em muitos casos, na susceptibilidade do indivíduo para o desenvolvimento de doenças. —-

Para saber mais sobre polimorfismos genéticos e metabolismo da vitamina B12, acesse:

Paniz C et al. Fisiopatologia da deficiência da vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial. J Bras Patol Med Lab, v.41, p.323-34, 2005.

Guerra-Shinohara EM. Bases moleculares de alterações no metabolismo de ácido fólico, cobalamina e ferro. Tese de Livre Docência, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2012. 113p.

Kozyraki R & Cases O. Vitamin B12 absorption: mammalian physiology and acquired and inherited disorders. Biochimie, v.95, p.1002-1007, 2013.

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