Frente reúne 200 parlamentares do Congresso para reforçar luta contra obesidade infanto-juvenil
- Por ONutricional
- 3 de jun. de 2017
- 4 min de leitura

A criação de uma regulação nacional da publicidade de alimentos para crianças e adolescentes é uma das principais demandas do setor de saúde, nutrição e segurança alimentar, para enfrentar a epidemia de sobrepeso e obesidade que afeta o Brasil, afirmou nesta última terça-feira (30/05/2017), Michele Lessa de Oliveira, coordenadora-geral de Alimentos e Nutrição do Ministério da Saúde. Ela defendeu também a revisão das regras de rotulagem de produtos alimentícios e uma lei federal que regule a oferta de alimentos ultraprocessados nas escolas.
As afirmações foram feitas na Câmara dos Deputados, em Brasília, durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate e Prevenção da Obesidade Infanto-Juvenil, que reúne cerca de 200 parlamentares, entre senadores e deputados. Michele afirmou que o governo gasta meio bilhão de reais por ano com obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Apenas os atendimentos ambulatoriais e de internação de jovens de 12 a 17 anos por diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e com cirurgias bariátricas somaram R$ 126,4 milhões de 2010 a maio de 2016.

Michelle Lessa: frente abre boas perspectivas, como aperfeiçoamento das normas de rotulagem e a criação de uma regulação nacional da publicidade de alimentos para crianças e adolescentes, a fim de enfrentar a epidemia de sobrepeso e obesidade que afeta o Brasil.
Para Michele, a entrada do Poder Legislativo nessa batalha traz nova força à luta que já vem sendo travada por meio do Ministério da Saúde, como a Portaria Nº 1.274, de 7 de julho de 2016, que obriga restaurantes, cantinas e lanchonetes do ministério a fornecer alimentos conforme recomendado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. O governo federal tem lançado também campanhas e aplicativos para estimular a adoção de alimentação saudável e a prática de atividades físicas.
O Programa Academia da Saúde já conta com quatro mil polos, instalados em 1.700 municípios. E o Programa Saúde na Escola está sendo adotado por 78 mil estabelecimentos de ensino, em 4.7887 municípios. Tem sido feita ainda uma pactuação com os fabricantes para a redução do sal e do açúcar em alimentos processados. “Mas o apoio dos parlamentares é essencial para avançarmos em leis nacionais, especialmente em questões como regulação da publicidade infantil e da rotulagem”, explicou a coordenadora.
“Hoje os pesquisadores apontam a influência de fatores sociais e ambientais no desenvolvimento da obesidade – e não apenas da genética. Por isso, há necessidade de ações regulatórias de Estado. É preciso romper com a lógica de ambientes que favorecem o consumo de alimentos não-saudáveis. E o momento é propício à conjugação de esforços: estamos na Década da Ação sobre a Nutrição da ONU e o Brasil tornou-se o primeiro país a se comprometer formalmente com metas específicas para essa década”, completou.
Onze estados brasileiros já dispõem de leis que restringem a oferta de alimentos ultraprocessados nas escolas. Além disso, reforçou Michelle, está em análise proposta de medida provisória que dispõem sobre a comercialização, propaganda, publicidade e promoção comercial de alimentos, preparações e bebidas ultraprocessadas em escolas públicas e privadas, em âmbito nacional. “É essa lei que precisamos agora”, acrescentou.
Vale lembrar que os cerca de dois mil participantes da IV Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em 2011 pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em Salvador (BA), incluíram entre as propostas aprovadas no relatório final do encontro “assegurar a efetiva implementação do Plano Intersetorial para Prevenção e Controle da Obesidade, elaborado pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), garantindo a destinação dos recursos financeiros necessários”. O plano contém recomendações para os estados e municípios.
Frentes de combate
O deputado Evandro Roman (PSD), doutor em Educação Física e ex-secretário de Esporte e Turismo do Paraná, é o presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate e Prevenção da Obesidade Infanto-Juvenil. No lançamento do bloco parlamentar, ele defendeu a importância de atacar as diversas frentes de combate à obesidade, como a alimentação adequada e saudável, a atividade física e até mesmo o sono. “O sono regulariza todos os nossos hormônios e nos recupera dos desgastes do dia”, ressaltou Roman, que atuou por mais de 20 anos como árbitro da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa).
Para falar sobre a importância do sono na questão da obesidade, o deputado convidou para o evento o diretor-executivo da Associação Brasileira do Sono (Absono), César Augusto de Almeida. “A privação do sono pode acarretar diversas manifestações físicas e psicológicas indesejáveis. A privação do sono eleva o risco cardíaco, leva ao aumento de peso, déficit de atenção, instabilidades de humor, envelhecimento precoce e muitas outras complicações. Dormir bem é tão importante para o organismo como se alimentar bem”, enfatizou o diretor da Absono.
Já o presidente do Conselho Federal de Educação Física (Sistema Confef/Crefs), Jorge Steinhilber, enfatizou a necessidade de integrar as diversas iniciativas dos três Poderes no combate à questão da obesidade. “O lançamento de uma frente parlamentar permite a criação de um mecanismo para conjugar os esforços das diversas pastas, ações e projetos que visam combater uma situação como hoje temos no país, em que 17,1% dos adolescentes estão com sobrepeso, segundo o Ministério da Saúde. A obesidade é um grande desafio de saúde pública”, completou.
Fonte: Ascom/Consea
Comments