top of page

Insegurança alimentar nos primeiros anos de vida prejudica o desempenho escolar de crianças

  • Por ONutricional
  • 19 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

Por Juliana Domingos de Lima, via NEXO Jornal.

Crianças que lidam com a fome durante os primeiros cinco anos de idade tendem a ter desempenho pior na escola uma vez que ingressam no jardim da infância. A constatação tem origem em um novo estudo feito por duas pesquisadoras da Universidade de Georgetown, nos EUA, e publicado na edição de março de 2017 do jornal científico Child Development (Desenvolvimento infantil, em português).

Esse não é o primeiro estudo a mostrar a relação entre alimentação e o desenvolvimento cognitivo na infância. Os primeiros anos de vida são considerados essenciais para o desenvolvimento infantil. A novidade trazida por ele é que passar fome diretamente não é o único fator que impacta as crianças. Se elas recebem a quantidade necessária de alimento, mas os pais ou responsáveis não, o desenvolvimento delas também sofre os efeitos. Na prática, isso mostra que além das consequências físicas e psicológicas de não haver o que comer, o fato de vivenciarem insegurança alimentar (a situação de quem não tem garantia de acesso a alimentação saudável [e nutricionalmente adequada] para seu desenvolvimento normal) já prejudica o desempenho que virão a ter na vida escolar. E quanto mais cedo isso ocorre, maior é o impacto.

O Estudo:

As pesquisadoras Anna Johnson e Anna Markowitz colheram dados de um estudo conduzido pelo Departamento de Educação dos EUA entre 2000 e 2006, que acompanhou cerca de 10.700 crianças nascidas no ano 2000 em domicílios de baixa renda. A pesquisa consistiu em fazer perguntas aos pais a respeito de vários aspectos da vida da criança, incluindo a quantidade e qualidade de alimento dada a ela.

A pesquisa também perguntou aos pais se eles haviam se preocupado com o suprimento de comida da casa nos últimos meses ou se eles próprios haviam passado fome, na tentativa de detectar o nível de segurança alimentar da casa. A pesquisa foi refeita em idades distintas das crianças e elas foram testadas ao ingressarem na escola: habilidades em matemática e leitura, para medir o desenvolvimento cognitivo, além de uma avaliação dos professores sobre a capacidade de concentração em sala, hiperatividade e vontade de aprender. Os resultados da pesquisa revelaram uma forte relação entre mau desempenho na pré-escola e situação de fome no domicílio. E a privação de [alimentos] dos nove meses aos dois anos teve efeitos mais fortes sobre habilidades sociais, emocionais e cognitivas das crianças do que a fome durante a idade escolar, a partir dos seis anos.

Por que a fome dos pais afeta as crianças:

Anna Johnson, em entrevista ao “NPR Food, o canal sobre comida da rádio pública americana, que pesquisas prévias mostram que pais famintos tendem a ser irritáveis, ríspidos e impacientes com seus filhos. Ou, em outros casos, estarem distraídos ou deprimidos, devido à pressão de não poderem prover o que comer. Isso faz com que eles se envolvam menos com as crianças, passando menos tempo conversando ou brincando com elas, aspectos fundamentais para estimular o desenvolvimento diário do cérebro de bebês e crianças.

Kommentare


Posts recentes
bottom of page