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Enfermidades relacionadas à nutrição (Parte 1): gastrite

  • Por ONutricional
  • 1 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

Por Alexandre R. Lobo

A gastrite refere-se ao processo inflamatório na mucosa gástrica. Distingue-se pela sua intensidade e cronicidade, condições que refletem o grau de comprometimento das camadas da parede gástrica. Em todo o caso, é importante a compreensão de que o ponto central está relacionado com o (des)equilíbrio homeostático entre fatores que protegem e fatores que agridem a camada mucosa desta região peculiar do tubo digestivo.

Por quê peculiar? Afinal de contas, é a única região dotada de células parietais produtoras de ácido clorídrico. Embora sua função esteja intimamente relacionada com o processo digestivo de nutrientes, a acidez gástrica é um dos principais fatores lesivos da mucosa em condições nas quais ocorre prejuízo na barreira protetora gástrica – constituída pelas junções oclusivas intercelulares e pelo muco, produto citoprotetor oriundo de células mucosas, também presentes nas glândulas da camada mucosa gástrica.

Um importante ponto de regulação da acidez gástrica ocorre pelo estímulo da secreção, por células enteroendócrinas específicas, de hormônios como a gastrina e a histamina – potentes estimuladores da secreção de ácido pelas células parietais. Neste aspecto, deve-se levar em consideração que a secreção gástrica (ácida e hormonal estimuladora do ácido) é influenciada por fatores cefálicos (é só sentir o alimento, pelo simples pensamento, ou pela visão ou olfato de algo apetitoso), gástricos (imagine qualquer coisa que resulte em distensão da parede gástrica – a presença do alimento no estômago, por exemplo) ou intestinais (por reflexos duodenogástricos). Recomenda-se, deste modo, que sejam realizadas pequenas refeições em curtos intervalos de tempo.

Exceto em casos em que está associada com subnutrição, a distribuição energética da dieta em indivíduos com gastrite não é diferente de uma condição normal. Merece destaque a discussão envolvida com o leite, cujo consumo está associado com sensação de alívio daquela inconveniente sensação de “queimação”. Todavia, produtos da digestão proteica, como pequenos peptídeos e alguns aminoácidos (a fenilalanina e o triptofano são fortes candidatos) bem como o cálcio, presentes no leite e em seus derivados (assim como outros constituintes da dieta, como a cafeína, por exemplo), estimulam as células G enteroendócrinas a produzirem gastrina – que afetará a produção de ácido (1) diretamente, pelo estímulo das células parietais, ou (2) indiretamente, via estímulo das células entero(endócrinas)cromafins produtoras de histamina (que também promoverá a produção de ácido). Em outras palavras, o consumo de leite não é indicado nesta situação.

Algumas referências:

Hunt RH et al. The stomach in health and disease. Gut, v.64, p.1650-68, 2015.

Di Mario F & Goni E. Gastric acid secretion: changes during a century. Best Pract Res Clin Gastroenterol, v.28, p.953-65, 2014.

Schubert ML & Peura DA. Control of gastric acid secretion in health and disease. Gastronterology, v.134, p.1842-60, 2008.

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