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Adequar padrões sanitários ao pequeno produtor é vital para alimento chegar à mesa do brasileiro

  • Por ONutricional
  • 25 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

A alimentação saudável e o controle da obesidade estão diretamente ligados à qualidade do que se come, além do estilo de vida. Quanto mais rapidamente o alimento chega ao consumidor, melhor sua qualidade e frescor. Quanto menos industrializado, menos processado e mais saudável, dizem os nutricionistas.

Mas o crescimento das cidades e a industrialização afastam da população o vendedor de peixe, o entregador de leite e até as feirinhas que se realizavam toda semana nas ruas, bem próximas às casas dos consumidores.

Grande parte do alimento passou a ser produzida longe dos olhos do consumidor, em longas cadeias de produção que abrangem várias etapas até chegar aos pontos de venda.

Para reverter este quadro, coletivos como a Aliança por uma Alimentação Saudável e o Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar (FBSSAN) defendem o fortalecimento do que chamam de cadeias agroalimentares curtas, que incluem pequenos produtores, agricultores familiares e agroindústrias artesanais.

Mas, segundo eles, ainda há dificuldades em implementar cadeias curtas, na regularização para comercialização de alimentos tradicionais, artesanais e de base familiar. Principalmente quanto à legislação sanitária, elaborada de acordo com padrões e paradigmas da produção agroindustrial de larga escala.

Assim, estaria a reforçar uma lógica excludente e concentradora da produção, do processamento e da distribuição. “A multiplicidade de órgãos competentes pela regularização e fiscalização dificulta o entendimento das normas e não leva em conta, na análise de risco, realidades locais e diferentes escalas de produção”.

As entidades querem agora estimular a sociedade civil a discutir propostas capazes de adequar essa legislação aos microempreendedores individuais, empreendimento familiar rural, empreendimento da economia solidária, povos e comunidades tradicionais que comercializam produtos artesanais, organizações e associações de mulheres em pequenas agroindústrias e consumidores de alimentos em geral.

A produção artesanal de alimentos da agricultura familiar, povos indígenas e comunidades tradicionais e locais é uma das expressões da nossa cultura mais reconhecida no mundo, que se destaca pela diversidade de sabores, cores e modos de fazer. Apesar de sua grande importância para a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros, esses alimentos não entram nos mercados formais e no mercado institucional, principalmente pela dificuldade de adequação às normas sanitárias vigentes. Dessa forma, muitos produtores familiares operam na clandestinidade ou desistem de agregar valor à sua produção”, dizem.

Agenda Regulatória da Anvisa

Os representantes da sociedade civil destacam, neste cenário, a importância do processo de consulta pública, lançada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para a elaboração da Agenda Regulatória 2017-2020. A consulta foi de dezembro passado até 10 de março de 2017. O documento seleciona os assuntos prioritários que demandam alguma intervenção regulatória e corresponde ao que será pautado, discutido e tratado pela agência nos próximos quatro anos.

A Aliança por uma Alimentação Saudável e o FBSSAN, que reúnem diversas outras organizações da sociedade civil, querem que os setores por elas representados façam, neste ano, um exercício de participação para levar suas agendas à Anvisa. “Normalmente, apenas grandes indústrias costumam participar deste debate”, lamentam.

Mudanças nas normas sanitárias

A expectativa das entidades é trazer novamente, para a pauta de discussão, alguns aspectos das Normas Sanitárias da Resolução da Diretoria Colegiada 49 (RDC 49), de 2013. Além de reforçar a oferta de alimentos padronizados, artificializados e contaminados por agrotóxicos, a imposição de um padrão de fiscalização local tende a criminalizar alimentos artesanais e tradicionais. “Os obstáculos para legalização sanitária têm dificultado a participação no mercado institucional, em programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio)”.

Os representantes lembram ainda que a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional estabelece o direito à alimentação adequada e saudável e o Guia Alimentar da População Brasileira apresenta, entre seus eixos, o incentivo à preferência por alimentos in natura ou minimamente processados. Por isso, recomendam a adequação e efetiva implementação de normas sanitárias inclusivas, em consonância com as orientações e diretrizes nacionais da alimentação adequada e saudável.

As consequências dos alimentos processados sobre a saúde pública têm sido mostradas em levantamentos de base nacional, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e a Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

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