Rui Daher: "É impossível comparar o fascismo com o interesse das classes subalternas"
- ONutricional
- 7 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Saí do agronegócio? Saí não! Minhas andanças levam a desolados produtores de hortaliças, leite, arroz, feijão, sempre presentes nas mesas dos brasileiros

Por Rui Daher, para a Carta Capital:

Desde que a presidente Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe de estado conformado pelos aparelhos ideológicos garantidores do Acordo Secular de Elites, que incluiu a prisão sem provas do ex-presidente Lula para impedi-lo de candidatar-se, qualquer cidadão e cidadã com apego à democracia e à luta para viver numa sociedade mais justa e menos hipócrita, percorrerá trilhas de espanto e armadilhas, defrontando-se com os quatro Poderes da Federação de Corporações, o mais canalha deles as Organizações Globo.
Esgarça-se o tecido social da Nação. Bloqueia-se o acesso do trabalho à conquista de renda. Os vendilhões, a cada locução, se mostram indignados pelo fato de o índice de desemprego ter saído de 4% em 2012 para 13% hoje, esquecendo que o caminho inverso foi conquistado durante o governo Lula.
Consequência, em nome de um ajuste fiscal que não acontece, freia-se o consumo, destruindo o potencial de sobrevivência da indústria, comércio e serviços não-financeiros. Na mesma sequência, param os investimentos em saúde, educação, moradias e saneamento básico. Tudo isso coonestado por um Judiciário de senhores e senhoras abilolados e instrumentalizados não pelo direito, mas por seus interesses políticos e de classe.
Hoje em dia, esse Brasil visitado por importantes pensadores do planeta que reconhecem o legado Lula, mas ridicularizado em países hegemônicos ou não, pela afronta que fez às próprias instituições e à Organização das Nações Unidas (ONU). Sim, vi tudo isso ser gerado, a partir de junho de 2013: inocentes levantando a bola para o voleio dos quadrilheiros da direita – não haverá definição melhor. Até 2016, sou capaz de lembrar da postura e da cara de cada um de vocês que agora se escondem numa centro-direita fajuta, sem expressão, incapaz de anular o que chamam de extremos.
Como fosse possível comparar o fascismo com o interesse das classes subalternas, que inclui os ricos pagarem impostos, o rentismo ser taxado em benefício das atividades produtivas e do investimento em obras públicas, enfim, “do pobre ter direito a três refeições por dia”.
Saí do agronegócio? Saí não! Minhas Andanças Capitais levam a desolados produtores de hortaliças, frutas, legumes, leite, café, arroz, feijão, sempre presentes nas mesas dos brasileiros, ora dentro ora fora delas por falta de consumo ou preço.
Querem ver?
1. A área plantada com arroz irrigado e de sequeiro, nos últimos 15 anos, quando o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos (reverência a Ivan Lessa), caiu 46%. A produção se manteve graças ao aumento de produtividade pelo uso intensivo de tecnologia, mas a população cresceu 14%. Alguém deixou de comer ou trocou de prato;
2. Nas três safras anuais, a área de feijão caiu 26%. Mais uma vez, a produção foi mantida, mas alguém deixou de comer a leguminosa com arroz ou mudou de prato (macarrão de trigo importado com mandioca?);
3. O milho, sim, aumentou a área em 30% e mais que dobrou a produção. Confiram nas exportações e no consumo interno de frangos, quando tínhamos emprego e renda;
4. Soja? 62% de aumento na área, 140% na produção graças à alta produtividade, e procurem os resultados dela nos mesmos fatores que no milho;
5. Café? Exportação e menos consumo proporcional interno. Leite? Apesar de 4º produtor mundial, ainda precisamos importar. Temos 25 milhões de vacas, mas segundo os especialistas elas precisam ser robotizadas para mais produzirem. Foram-se 35 bilhões de litros, em 2017, aí incluídos quem mamou nas tetas do governo ilegítimo de Temer;
6. E dos alfaces e tomates, o que poderei falar, se não mostrar os gráficos com suas oscilações de preços, e sugerir ao fenomenal João dos Bancos Amoêdo, plantá-los e mudar a curva da meritocracia.
É da vida do agricultor? Pois, não deveria ser, tontos patos amarelos, tivéssemos alguma ideia de como assegurar a sobrevivência das pequena e média agriculturas familiares e dos assentamentos caboclos, campesinos, sertanejos, ruralistas, indígenas e quilombolas.
Comments