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1984: George Orwell e o poder da ignorância na manutenção do status quo
- ONutricional
- 3 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Na sociedade do conhecimento e da informação instantânea, a escravidão moderna dos indivíduos não funciona como outrora, baseada na coerção e na força, mas no controle do pensamento (nas estratégias de manipulação), alienando o indivíduo e transformando-o em um autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos

Por Wanderson Dutch, para o blog O Martelo de Nietzsche, via Carta Maior:
Existe um ditado popular que diz o seguinte: "podem tirar tudo de nós, menos o nosso conhecimento". Podemos dizer que a capacidade que o ser humano tem de refletir criticamente sobre a vida é o que determina em grande medida a sua liberdade, mas a grande questão é: por que as pessoas recusam repensar suas crenças, valores e opiniões políticas? Medo? Freud explica da seguinte maneira: “A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas". Dito isso, observemos: se porventura o indivíduo esteja preso em círculos de pensamentos repetitivos que não são seus, isto é, seja tão somente um reprodutor de um discurso que lhe é passado, por meio das relações sociais, torna-se impossível ser livre e, consequentemente, será um escravo do sistema vigente. Ele estará adaptado a servidão voluntária.
“De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância”
-- George Orwell
Na sociedade do conhecimento e da informação instantânea, a escravidão moderna dos indivíduos, não funciona como outrora, baseada na coerção e na força, mas no controle do pensamento (nas estratégias de manipulação), alienando o indivíduo e transformando-o em um autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos. A burguesia dominante cria amarras invisíveis, a fim de que os indivíduos se mantenham subjugados sem que percebam a prisão que os envolve. Essa cegueira social, como é bem representada no livro "O Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago, se dá em virtude da falta de reflexão crítica que os indivíduos possuem, de modo que se torna muito fácil controlá-los à realidade que os dominantes julgam como necessária à manutenção do famosos status quo. Desta maneria, “magicamente” a realidade passa a ser construída pelos detentores do poder nas relações de força na sociedade; de maneira que ela seja modificada e ajustada de acordo com os interesses do momento. Os “prole” (termo de George Orwell) apenas aceita a verdade imposta, ainda que esta seja contraditória e vise à manutenção das discrepâncias sociais.

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