Como trabalhar os direitos humanos?
- ONutricional
- 10 de ago. de 2018
- 2 min de leitura

Estratégias para promover uma cultura política democrática nas escolas, orientada pelos direitos humanos
Por Ana Luiza Basilio, para a Carta Educação:
(Reportagem originalmente publicada em julho de 2017)
Renata Ferraz não tem dúvidas da importância de trabalhar os direitos humanos: “Atuar nesta perspectiva é garantir a dignidade dos seres humanos, assegurar o acordo essencial que rege a sociedade. É daí que nascem a igualdade, a democracia e a diversidade”, assegura. No entanto, entende que isso passa pela criação de uma cultura política democrática da qual a educação deve ser propulsora. O que explica parte de sua atuação profissional: mestre em educação, Renata é uma das fundadoras do Pé na Escola, coletivo que busca criar conhecimento, materiais e metodologias de educação política e em direitos humanos para impulsionar a autonomia das escolas nesse sentido.
A especialista elencou estratégias para que as escolas e suas equipes pedagógicas desenvolvam trabalhos orientados para assegurar os direitos humanos:
Ponto de partida
"É fundamental que as escolas reconheçam que é papel da educação garantir os direitos humanos. É preciso ter o entendimento de que todos os indivíduos precisam ter sua dignidade garantida, o que implica em ter direito a opinião, liberdade, identidade, acesso a educação, cultura e saúde”.
Valorizar culturas minoritárias
"Contextualizar a luta pelos direitos humanos: mais do que abordar a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Federal, é necessário apresentar as lutas que levaram a tais resoluções. Isso implica em contar histórias que sejam capazes de revelar a história. É preciso apresentar as pessoas que estiveram à frente de tais mobilizações, a história das populações marginalizadas e também suas vitórias, sua carga cultural, suas lendas, danças, músicas, aspectos que passam de geração a geração”.
Buscar o diálogo
"É fundamental que o trabalho se dê em diálogo com os estudantes e respeitando as reais necessidades deles. Com crianças, é preciso se ancorar no lúdico, trazer essas informações com o apoio das lendas, do folclore, por exemplo; com os mais velhos, já é possível promover debates políticos atuais e relevantes. É importante priorizar a voz dos estudantes e contextualizar as questões relativas aos direitos humanos na realidade da escola e do território".
Se posicionar
"O professor deve se posicionar diante dos fatos e se mostrar preocupado com o destino do mundo. A filósofa Hannah Arendt já dizia que a educação é feita pelo exemplo e que mais do que ser embrionária de um novo mundo, tem o papel de contar as histórias do velho mundo. Então, os professores não devem chamar os alunos para as revoluções que acredita, mas apresentá-los a elas”.
Buscar referências
"O professor deve buscar referências que possam respaldá-lo. É possível acessar a literatura e outros materiais, e também os estudantes e seus repertórios, como o rap ou a literatura periférica, por exemplo. Conhecer o território e buscar interlocutores na comunidade também é bem-vindo".
Permitir consensos e dissensos
"As dinâmicas precisam permitir que os estudantes transitem em lugares favoráveis e de oposição. Não se pode ter medo que os alunos discordem de certas posições: essa é a base para a construção de uma cultura democrática".
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