Gastão Wagner: "Pela defesa de políticas públicas que enfrentem as desigualdades"
- Por ONutricional
- 3 de out. de 2017
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Por Bruno Dias, do site da Abrasco:
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Um posicionamento radical contra as desigualdades na sociedade brasileira e por uma assertividade na ética e no respeito com a coisa pública e com as alteridades nas práticas cotidianas do fazer saúde, ciência e política, culminando numa nova dimensão da cidadania. Com uma fala emocionada e contundente, Gastão Wagner de Sousa Campos, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp) e presidente da Abrasco, foi um dos debatedores da mesa “Efeitos da Recessão Econômica (e seus remédios) sobre a Saúde e o Futuro do SUS”, realizada na manhã de quarta-feira, 27 de setembro, dentro da programação de seminários preparatórios para o 8º Congresso Interno da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
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Gastão ressaltou que a reativação do afluxo de capitais não resolverá em nada o cenário econômico e político brasileiro sem a discussão de outras matrizes de pensamento nas quais o desenvolvimento econômico não seja a única resposta. “O crescimento econômico não vai resolver o problema do Brasil, não vai salvar o SUS. Esse crescimento não foi uma alternativa à desigualdade que persiste em nosso país e que provoca uma aceleração na degradação dos serviços e das políticas”, continuou o presidente da Abrasco, relacionando a distância do Brasil de 2/3 da população, que tem renda média de até 1 ½ salário mínimo e o terço de renda superior restante. “Essa população alijada dos ganhos econômicos não está inerte. Toda a sociedade reage, seja com violência, seja com o questionamento às desigualdades tanto do poder político como do poder econômico. O ressentimento, a mágoa e a decepção com a política também são reações, são fruto da cronificação da desigualdade”.
Gastão Wagner ressaltou a necessidade de a Saúde Coletiva, bem como o conjunto da sociedade escolham o caminho da luta e do posicionamento político sem conciliações com atores que apostam nas saídas meramente econômicas. “Acredito que essas coisas que tenho falado vão acontecer a médio, longo prazo. Vimos recentemente que não basta ganhar, mas sim ter um projeto. A gente vai apresenta-lo, vamos perder, mas não tem problema. É importante nossa capacidade de compor alianças, com diálogo e paciência, mas para garantir a defesa das políticas públicas como ferramenta de enfrentamento às desigualdades, e não ao contrário”, disse o docente, convocando a radicalidade da luta contra as desigualdades sem nunca perder a dimensão amorosa na compreensão das alteridades, no diálogo com as demais pessoas e segmentos sociais. “Nós que construímos o SUS no dia-a-dia temos de ter essa capacidade de se autorregular, sem perder a dimensão ética. Somente assim conseguiremos resolver nossos problemas sem precisar recorrer à justiça, e valorizar a democracia, o diálogo, a gestão participativa”.
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